Ao longo de todo este a tempo a vida ensinou-me muitíssima coisa, entre elas, está o “aproveitar o momento”. Nada dura para sempre, essa é a verdade e por muito que querias que dure, mais cedo ou mais tarde a vida dá uma reviravolta e já não vais sequer a tempo de reagir. Tenho-me defrontado com várias faces da vida, uma delas é que hoje estás aqui bem e sorridente mas amanhã podes já te situar numa cama de hospital, sem fala, sem te conseguires mexer, sem poderes reagir e pensas tu “porquê ?”, pois, por isso mais vale aproveitar as oportunidades que a vida te dá e não as deixar fugir. Eu vou agarrá-las tal como tu fizeste, avô, e se eu dia estiver na tua situação sei ao menos que não deixei nada pendente na minha vida (talvez). É aborrecido termos que nos deparar com hospitais cheios de gente, mas a verdade é mesmo essa (pessoas violadas, atropeladas, embriagadas ). A vida é injusta talvez por ter um fim, mas acabava por ser um pouco melancólica se tivesses que passar a vida inteira vivo/a. Ou não. Só sei que o mais me custa é ver-te nessa cama de hospital, nesse hospital, nesse lençol de hospital, nesse ar de hospital, com a incerteza que voltes a chamar o meu nome, com a incerteza que me aconselhes como gostavas e teimavas em fazer. Garanto-te, que tenho saudades. Sei que o teu coração sente, os teus ouvidos ouvem, mas não consegues mais do que um toque que me dás na face, mas ouvir-te falar como antigamente, acho que jamais voltará a acontecer. Agora, só meras e estranhas palavras. Avô, és uma lição de vida. És um exemplo a seguir e eu adoro-te dessa maneira rezingona e teimosa, fundida num gostar tão forte. Foste tu que me alegraste, que me ajudaste e que ainda me ajudas através desse olhar tão terno e angustioso (de quem vive numa espera constante). És simbolo de luta, de poder, de conquista, de alegria, e meu grande avô e único, eu jamais te irei esquecer. Ainda vives, mas eu sei que já são 81 anos, e por isso custa-me tanto. Sei que de qualquer forma vais partir, como todos nós vamos. Apenas sei, e digo com a certeza absoluta que tu não merecias isto. Não merecias ter ido até ao teu quintal e de um momento para o outro numa fracção de segundos deixares de ser o mesmo. Avô, a sério que te adoro, e hás-de levar estas palavras contigo no dia que partires, porque eu juro que jamais te deixarei sozinho, por muito longe ou perto que estejas tu serás único. A tua força é grande eu sei, mas a vida infelizmente tem um poder de injustiça acima dela. Obrigada pelo exemplo de vida, avô. Nunca te esquecerei, nem eu, nem os familiares e amigos que tens. Foste e prevaleces um HOMEM.
Eternamente avô. 1928-
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